[MÚSICA] Nesse vídeo
vamos falar pouco sobre o framework MDA.
[MÚSICA]
[MÚSICA] A sigla MDA vem de Mechanics,
Dynamics and Aesthetics, ou Mecânica, Dinâmica e Estética.
O MDA propõe uma abordagem para a compreensão dos jogos que visa
realizar conexões para suprir o distanciamento entre os processos de game
design e desenvolvimento, crítica de jogos, e pesquisa técnica da área.
Trata-se de uma metodologia para tornar mais claro e mais forte os processos
iterativos utilizados por desenvolvedores, academicos e pesquisadores geral.
A ideia é facilitar a decomposição,
o estudo e o game design de uma ampla gama de games, e artefatos correlatos.
Para falar de sua própria experiência com a metodologia,
convidamos o diretor de criação e designer da Tlön Studios, Caio Ribeiro.
Caio, conta pouquinho para gente sua experiência enquanto
profissional do design de games e o framework MDA.
>> A primeira vez que eu ouvi falar no MDA framework foi no GDC.
iii São Francisco,
num curso sobre game design sobre o modelo de tomada de decisão.
A abordagem usada foi realmente a de usar o MDA durante o desenvolvimento.
Que é você usar como framework, como mindset mesmo para criação.
O que o pessoal sempre fala é quando você usa o
MDA framework você tá projetando a experiência,
quando você não usa o MDA framework você tá correndo atrás da experiência.
Porque assim, se você define primeiro mecânica para ver
o que que acontece e descobre que gera uma estética completamente imprevisível,
você tá perceguindo a diversão, não desenhando ela.
Para você desenhar a diversão você precisa definir a sua estética e
saber que exatamente que tipo de mecânica vai gerar com
a dinâmica para atingir aquela estética que você quer.
E assim, durante o desenvolvimento, sempre que a gente pensa "Nossa, tal mecânica",
a gente sempre tem mente a estética do jogo é esse, a proposta do jogo é essa,
isso vai colaborar com essa estética ou na verdade ela vai atrapalhar?
Porque as vezes uma mecânica parece uma ideia super legal num primeiro
momento mas ela pode atrapalhar o que você está pensando para o jogo.
Se o teu jogo é jogo, por exemplo, de sobrevivência, de terror,
você pensa numa mecânica que parece muito legal mas fala "Nossa,
mas ela deixa o personagem muito poderoso".
O jogador fica, aí ele não vai mais ter aquela tensão, né?
Aí está fugindo da estética.
O jogo tá deixando de ser jogo de sobrevivência para se tornar jogo de ação.
>> Quando você está construindo uma experiência que vai ser vivenciada
a partir do ato de jogar videogame, você diria que o conhecimento dessa
metodologia serve como diferencial para os objetivos serem atingidos?
>> Sim, certamente, porque essa metodologia ajuda a definir o objetivo
inicial ao mesmo tempo que ela ajuda a avaliar se o objetivo foi cumprido.
Sem metodologia você perde pouco porque quando você
começa a produção qualquer projeto muda, se transforma.
Com essa metodologia a gente sabe, com o MDA framework a gente consegue precisar
onde a gente estava quando começou e o quão próximo daquilo a gente chegou.
E quando a gente fala de estética a gente está
lidando mesmo com o objetivo estético da experiência, que tipo de emoções,
sentimentos, sensações você quer despertar no jogador.
Mesmo que o projeto si mude muito, isso permanece o mesmo desde o começo,
então você cria uma visão consistente na hora de produzir.
>> E geralmente porque é que eu perguntei do objetivo questão?
Principalmente na área de arte e no caso pessoas que
trabalham com videogames, pensando na arte não seriam diferentes?
Existe uma dificuldade de você pensar num projeto artístico como
projeto que tenha objetivo.
E no game design provavelmente partindo da visão
artística de game designer, também existe essa dificuldade,
esse framework, talvez viria para facilitar pouco esse trabalho.
>> Qualquer forma de arte você tem a arte do estudante
e a arte do artista que já exerce aquilo.
O estudante ele costuma ter etapas.
No caso do game design é muito comum o estudante estudar muitas
mecânicas sem se preocupar tanto com estética.
Estética é uma coisa que acaba entrando num segundo momento.
E dá para você fazer jogo bom pensando na mecânica e ver que estética que rola ali.
Você só não tem muito controle.
Não é muito profissional no sentido de que ''Nossa eu to fazendo
jogo com uma equipe grande''.
Se você vai fazer jogo sozinho, tudo bem você trabalhar dessa forma mais artística,
por assim dizer.
Agora quando a gente fala de arte aplicada, a gente está falando
de trabalhar com equipe, a gente está falando de trabalhar com stakeholder,
e aí você precisa ter uma visão consistente porque senão a coisa descamba.
>> Arrisco dizer que no caso da estética se pense muito na questão da trilha sonora
ou da parte visual, isso às vezes entra como se fosse a cobertura do bolo só, né?
>> Sim, sim, é a estética não, a estética é o próprio objetivo,
o próprio propósito do produto.
Quando se fala estética está se falando exatamente desse propósito.
>> Experiência estética, né?
>> Exato, experiência.
Na verdade a gente define, no MDA framework,
a gente define estética como tudo que é perceptível pelo jogador.
Enquanto a mecânica, ela não é diretamente perceptível.
Ela não é tão superficial e a dinâmica também não.
A estética é, o que as pessoas se lembram de jogo normalmente é estética.
Quando alguém, quando alguém joga, por exemplo, Truco,
o que a pessoa se lembra não é das regras,
qual carta vale mais que qual carta,
ou da dinâmica específica de '' tal blefe aconteceu''.
Não. O que a pessoa se lembra é "Nossa,
naquela hora eu achei que era isso, e era outra coisa, me enganei, foi engraçado".
São sempre, quando você vê alguém descrever uma partida de qualquer jogo,
a pessoa tá sempre descrevendo a estética.
>> Engajamento emocional que acontece, né?
>> Engajamento emocional, principalmente.
>> No que diz respeito ao produto que você está desenvolvendo enquanto produto
subjetivo, e também falando pouquinho dessa parte de metodologia iterativa,
que é o que a gente vai entrar seguida,
eu queria saber se você possui processo de trabalho diferente ou específico,
gostaria de saber mais ou menos como que você trabalha.
>> Eu acredito que eu não trabalho muito diferente de qualquer game designer.
O que eu faço é definir o que eu quero para o produto,
o que eu quero para o jogo, a questão da estética.
A partir dali eu começo a ter ideias de mecânicas, tento implementar,
vejo o programador, o que dá para fazer, o que é que não dá.
O que dá integra, a gente testa para ver como ficou e é muito importante o MDA
framework iii iii teste porquê?
É quando você vai ver de fato a reação que o jogador está tendo.
Aí você fala " essa mecânica que eu coloquei alí,
ela está de fato produzindo o efeito estético que eu imaginei".
Ou não, ela produziu outro completamente diferente mas ele
também é bom porque ele mantém, ele reforça a estética do jogo.
Ou você pode ver não, esse elemento estético está estragando,
ele não está gerando a resposta estética que colabora com o objetivo.
Na verdade ele leva para uma coisa diversa e aí a gente corta.
Então o processo de iteração tem a ver com esses testes
sucessivos que você faz para ver se aquela tua mecânica está
realmente fazendo efeito e como as mecânicas interagem uma com a outra,
porque às vezes uma mecânica tem efeito estético se usada sozinha.
Quando você combina essa mecânica com uma outra, o efeito estético se altera.
Então assim, atualmente eu estou desenvolvendo
produto que ele tem várias mecânicas e você combina muitas delas.
Então eu preciso fazer muito teste, muito play teste,
para saber como aquelas mecânicas interagem uma com a outra.
Então, nesse sentido o MDA framework é realmente muito,
muito bom porque você sabe sob que luz você está avaliando, né?
Você não está avaliando, " achei que ficou divertido" Não, não é só isso.
" ficou divertido" e está colaborando com a estética proposta?
Ou, " ficou divertido" mas não colabora com a estética proposta.
>> Então age como uma ferramenta também de maior controle para você conseguir
atingir aquilo que você planejou inicialmente.
>> Sim, é difícil você se desvirar demais do foco, né?
>> Entendi.
Legal Caio.
Então praticamete era isso que eu tinha para perguntar para você.
Mais uma vez agradeço pela sua presença, imensamente.
>> Eu que agradeço o convite.
>> Então eu fico feliz.
Nesse vídeo nós conferimos
pouco do framework MDA com a ajuda do Caio e nós começamos a falar
pouquinho sobre iteratividade e isso será discutido pouco melhor adiante.
Até lá! [MÚSICA]
[MÚSICA] [MÚSICA]