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Até esse momento, já temos, então,
o esclarecimento da decisão de três agentes
sobre a oferta de moeda: o público, sua decisão de manter
papel moeda seu bolso ou na sua conta corrente; os bancos comerciais,
sua decisão de manter, ou não, reservas voluntárias; e o banco central,
na sua decisão sobre os instrumentos de política monetária.
Inicialmente, falamos sobre as reservas compulsórias, já falamos,
também, sobre a taxa de redesconto de liquidez e, agora,
basta falarmos sobre instrumento mais utilizado na gestão da
política monetária no dia a dia, que é o 'Open Market'.
Que é a compra e a venda de títulos públicos por parte do banco central.
Esse é o processo de controle, ou de gerenciamento da formação
da taxa de juros, mais eficaz relação aos outros dois instrumentos.
Eficaz que sentido?
No sentido de ter impacto mais rápido na formação da taxa de juros e
de ter a medida desse impacto mais facilmente
acompanhada e medida pelo próprio banco central e pelos agentes geral.
Eu vou esclarecer pouco mais isso ao longo dessa apresentação sobre
o instrumento de 'open market'.
Nesse ponto é importante a gente observar que o instrumento de 'open market',
ou seja, a compra ou venda de títulos, corresponde, do ponto de vista contábil
relação ao balancete do banco central, a uma operação ativa do banco central.
Ou seja, é ativo do banco central que ao ser elevado- quando o banco central
compra títulos- nós temos uma elevação do seu ativo,
títulos públicos, sua carteira, no seu portfólio.
E ao mesmo tempo, quando o banco central compra títulos,
ele paga esse títulos com moeda.
Então, ao mesmo tempo que nós temos uma elevação no ativo, nós temos
uma elevação no passivo monetário do banco central, que é a base monetária.
E é exatamente por isso que a operação do instrumento 'open market' é mais efetiva,
porque ela atua, diretamente, sobre a base monetária.
E a transmissão dessa atuação para oferta de moeda e para a taxa de juros,
é mais rápida e mais imediata, do que via efeito multiplicador.
O multiplicador sempre é processo que leva tempo, ou seja,
que considera a passagem do tempo para que ele seja efetivado,
para que ele apareca com a sua força total, com o seu efeito completo.
Assim, quando banco central faz uma operação de 'open market',
ele afeta, diretamente, o mercado de títulos.
Quando ele vai comprar títulos, quando ele faz ofertas de comprar títulos que estão
no portfólio dos agentes financeiros, ou do público, ele vai, então,
produzir excesso de demanda por títulos e quando ele quer,
ao contrário, ofertar títulos, ou seja, tirar títulos que estão na sua
carteira e passar esses títulos para as carteiras dos bancos comerciais,
ou das instituições financeiras ou do público, vendendo títulos,
ele vai receber o pagamento por esses títulos moeda.
Portanto, ele está tirando moeda de circulação.
Então a operação de 'open market' sempre é uma operação que impacta,
inicialmente, o mercado de títulos, mas, simultaneamente,
produz aumento, ou uma redução, da base monetária.
Então, quando a moeda sai do público e
volta para o banco central, significa que a moeda, circulação, diminuiu.
A base monetária cai e, portanto, nós temos aí uma oferta de moeda menor.
Então, vejam que a operação de 'open market' tem essa
vantagem de ser efetivada, diretamente,
no mercado de títulos; e ter a sua contrapartida termos de mais,
ou menos, liquidez medida pelo conceito restrito de base monetária,
mais ou menos, base monetária circulação.
Então, quando nós olhamos por esse aspecto, nós entendemos por que a política
monetária, basicamente, é gerenciada no dia a dia dos bancos centrais,
por meio das operações de 'open market'.
Como que isso produz uma mudança na taxa de juros?
Esse é o pulo do gato!
Agora, nós chegamos no ponto final e no ponto de
interesse fundamental da gestão da política monetária.
Quando nós observamos banco central operando instrumentos de
política monetária, nós estamos observando uma
gestão que vai buscar uma formação de taxa de juros,
no mercado de títulos, que seja compatível,
ou que esteja muito próxima, àquela determinada pelo
comitê de política monetária sua última reunião.
Então, quando o comitê se reune, ele escolhe, e aí eu já vou logo,
a seguir, explicar como se dá a escolha dessa taxa de juros,
ele escolhe uma taxa de juros que é a considerada
adequada para aquele momento na economia.
A gente chama essa taxa de juros de 'Meta de Juros';
no caso brasileiro é a "Meta da Taxa Selic Over',
de dia para o outro, operações, portanto, de curtíssimo prazo.
Quando o banco central escolhe essa taxa.
E eu já vou, também,
discutir seguida as motivações para a escolha de uma ou de outra taxa.
O papel do banco central, no seu dia a dia,
é fazer com que o mercado de títulos revele
uma taxa média da negociação dos títulos, naquele dia,
que esteja mais próximo possível da meta estabelecida pelo Copom.
É por isso que a taxa de juros observada, aquela que o mercado forma todo dia,
ela está sempre ali pouquinho baixo, pouquinho acima, da meta de Selic.
Sinal de que o banco central está fazendo o seu trabalho,
que é gerenciar a política monetária para produzir esse resultado.
Aproveito para chamar atenção para o fato de que taxa de juros
não é determinada por decreto.
Ou seja, não é possível, simplesmente, para banco central,
dizer: "A taxa de juros da economia, agora, será de cinco por cento ao ano." E,
por alguma mágica, a taxa de juros, de fato, ir para o valor de cinco por cento.
É necessário que o banco central atue no mercado de títulos por meio dos seus
instrumentos de política monetária- basicamente o 'open market'- para produzir
esse resultado.
Então, se é uma economia de mercado, se há mercados monetários- mercado de
moeda e de títulos- é no mercado de títulos que este resultado,
que essa média de negociações com os títulos,
irá produzir uma média de taxa de juros próxima,
ou tão mais próxima quanto possível, àquela meta estabelecida pelo Copom.
Então é assim a gestão da taxa de juros, a gestão da política monetária.
Se o banco central quiser levar a taxa de juros para patamar diferente
daquele que os agentes estão dispostos a negociar, não vai ser possível.
Ou seja, os agentes estarão dispostos a aceitar,
mais ou menos, taxas de juros relação a quê?
Relação a sua percepção de risco daquele ativo.
Então, quanto mais o governo estiver instável, quanto mais crises nós tivermos,
mais percepção de risco, mais taxa de juros os agentes desejarão.
Portanto, o mercado vai guiando a formação da taxa de juros e o papel do banco
central é tentar fazer com que as expectativas dos agentes e do banco
central convirjam, regime de metas de inflação,
para que o resultado dessas negociações, efetivamente,
esteja bem próximo, tão próximo quanto possível, da meta estabelecida pelo Copom.
Então, bastante atenção, porque, muitas vezes, parece que o banco central,
o governo, teriam poder de definir uma taxa de juros qualquer,
ou muito mais baixa do que, efetivamente, ela esteja determinado momento,
sem que isso tenha que levar conta as condições de mercado.
Não é assim que funciona.
O mercado existe e a gestão da política monetária requer atuação nesse mercado,
pois então voltemos a ele.
Que mercado?
Mercado de títulos, especificamente nesse caso, de curto e curtíssimo prazo.
Chamando atenção de novo para o fato de que ainda que o prazo dos títulos seja de
até ano; as negociações do 'open market', de gestão da política monetária, são,
geral, com compromisso de recompra ou de revenda, alguns dias.
O que vai fazendo com que o papel da gestão seja diário, praticamente.
Então, estamos aqui no nosso mercado de títulos analisando o
efeito de 'open market' de compra ou de venda.
O ponto fundamental, ao qual eu retorno agora,
é a conexão entre a gestão da política monetária, a compra e a venda de
títulos que são ativos para o Banco Central, operações ativas,
e a sua contrapartida termos de passivo monetário, termos de base monetária.
Então, o que a gente observa aqui é, toda a vez que o Banco Central compra
título no mercado de títulos públicos ele está, então,
aumentando os ativos, títulos públicos na sua carteira de ativos,
no seu portfólio, e está pagando moeda.
Ou seja, está aumentado também o seu passivo monetário que é o papel moeda
poder do público ou as reservas bancárias porque se o
Banco Central estiver comprando o seu título,
ou o título público de vendedor que seja banco, ele pode,
simplesmente, pagar com o aumento na rubrica de reservas compulsórias.
Isso significa de qualquer forma que a base monetária se elevou.
Quando a base monetária se eleva,
a oferta de moeda na economia se eleva por dado multiplicador.
Portanto, quando o Banco Central compra títulos ele coloca moeda circulação.
O raciocínio mais simples possível é esse, o Banco Central compra e paga com moeda.
Portanto ele está colocando moeda circulação.
Isso significa que a oferta de moeda na economia se expande.
Então, vejam que simultaneamente nós temos uma situação que há
excesso de demanda no mercado de títulos e
excesso de oferta de moeda, como havíamos falado inicialmente.
Como é que esse "gap",
como é que esses desiquilíbrios vão se encerrar, vão desaparecer?
Mágica?
Não.
Decisão dos agentes frente à mudança do preço e da taxa de juros.
Vamos lá?
Muita atenção que esse é raciocínio lógico, relativamente complexo,
mas que se nós fizermos sequencialmente, ele se torna muito simples.
O Banco Central fez open marketing de compra,
ele produziu excesso de demanda no mercado de títulos.
Estou pensando aqui títulos, mercados secundários de títulos, é claro.
Ele produziu excesso de demanda no mercado de títulos isso ao mesmo tempo que os
agentes começarem a vender os títulos para ele e receberem moeda nós temos aumento
na oferta de moeda então de maneira simples nós podemos pensar que ao excesso
de demandas por títulos corresponde ao excesso por oferta de moedas.
Dois mercados os mercados monetários estão desequilíbrio,
como é que o equilíbrio é reestabelecido?
Pensando mercado de moeda ou pensando mercado de títulos?
Sempre pensando mercado de títulos.
Porque?
Porque é aqui que se forma taxa de juros.
A taxa e juros é a remuneração dos títulos,
e é custo de oportunidade para a moeda.
Portando, o impacto inicial está aqui.
Vejamos, excesso de demanda, uma pressão para elevação no preço dos títulos.
Quando o preço dos títulos começa a subir, o que que acontece com a taxa que juros?
Começa a cair.
Quando a taxa de juros começa a cair, os agentes que antes não
queriam toda aquela moeda que estava sendo colocada circulação,
começam a repensar a sua decisão sobre o quanto eles querem de moeda.
E porquê que eles repensam sua decisão?
Porque o custo de oportunidade de manter moeda está caindo.
Ou seja, a taxa de juros está caindo.Quando a taxa de juros está caindo,
fica melhor manter mais moeda comigo para poder ser
mais precavido ou para poder especular mais no futuro, ou seja, o meu desejo
por moeda é inversamente proporcional ao custo de oportunidade da moeda.
Então, quando o custo de oportunidade está caindo,
o meu desejo por manter moeda está subindo.
Isso significa que, simultaneamente, conforme o preço do título sobe e a taxa
de juros cai, ambos os mercados caminham novamente para novo equilíbrio.
Novo equilíbrio que vai levar a que situação?
A uma situação com taxa de juros mais baixa,
função da política monetária de compra de títulos públicos,
e que daqui pra frente vai ser chamada de política monetária expansionista.
Expansionista num sentido muito específico,
que diz respeito ao impacto dessa taxa de juros sobre a atividade econômica,
mas que nós vamos entender depois.
Por enquanto nós podemos pensar que é expansionista porque aumentou a moeda
circulação, aumentou a oferta de moeda e diminuiu a taxa de juros.
Então, este efeito, este impacto do open market dentro do mercado de monetário,
dentro do segmento monetário dos mecados financeiros tem
primeiro resultados que é uma taxa de juros básica da economia menor.
Vamos analisar seguida exemplo de uma estática comparativa,
ou seja, uma mudança nos outros dois instrumentos de política monetária
e qual é o impacto sobre a formação da taxa de juros no caso dos outros dois
instrumentos de política monetária.
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