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[MÚSICA] [MÚSICA] O que caracteriza, então,
o equilíbrio de médio prazo é exatamente o que nós chamamos de equilíbrio geral.
Todas as variáveis se ajustaram.
De novo, é uma abstração, uma referência para o pensamento.
O equilíbrio geral macroeconômico considera o ajuste de todas as variáveis,
inclusive o ajuste das expectativas dos agentes.
Neste ponto que nós já estamos com condições de entender
a estrutura completa da macroeconomia, vale a pena que
nós chamemos a atenção para a formação de expectativas na economia, certo?
Também não pretendo fazer aqui resgate do desenvolvimento da história do
pensamento macroeconômico, infelizmente.
Gostaria de fazer, mas também não teremos tempo hábil pra isso.
Vou deixar algumas indicações de leituras que
podem ajudar a entender este processo das expectativas estáticas.
Ou melhor, primeiro da previsão perfeita, pras expectativas estáticas, pras
expectativas adaptativas e, finalmente, para as expectativas racionais.
Deixarei o material de leitura para vocês pra vocês pra complementar a compreensão e
o aprendizado de vocês, mas nosso foco aqui é já entender esse contexto já
considerando que os agentes formam expectativas racionalmente.
Então, estamos prontos pra pensarmos pouquinho
sobre o conceito de expectativas racionais.
As contribuições fundamentais, tanto de Lucas quanto de Sargent,
no início da década 70, para chamada revolução das expectativas racionais e é
uma revolução, porque, de fato, revoluciona o método ou a metodologia
de análise macroeconomia no seguinte sentido.
Nós temos, então, a partir da perspectiva das expectativas racionais,
uma suposição de que os agentes eles respondem,
ou seja, mudam as suas decisões hoje função daquilo
que eles esperam que aconteça com a economia no futuro,
levando conta inclusive as atuações tanto de política monetária,
quanto de política fiscal que são esperadas como compatíveis com
a estrutura macro adotada pelo governo e pela sociedade determinado ponto do tempo.
Essas expectativas, elas são consistentes com o modelo.
Então, parece ser uma hipótese muito forte e, eventualmente,
ela também é bastante criticada desde sempre, desde sua criação até hoje.
Inclusive com alternativas sendo desenvolvidas no âmbito da economia
comportamental, por exemplo, e de tratamento de
informação ou de decisão não plenamente racional,
decisão a partir de agentes heterogêneos, decisões que levam
conta aspectos psicológicos, aí já dentro da linha
comportamental que vem ganhando força ultimamente na teoria econômica.
Porém, digamos que,
embora pareça ser uma suposição de
processo decisório muito radical, na verdade,
o que ela produz como resultado, média, representa
ou tem representado bem o comportamento dos agentes econômicos nos mercados.
Então é importante fazer essa observação,
porque mais do que adotando uma postura que seria
bastante ingênua de achar que os agentes têm
condições de conhecer a estrutura lógica da macroeconomia,
o famoso modelo macroeconômico que melhor representaria o mundo
real e a partir daí fazer toda a sua análise, toda a análise desse
modelo para ter uma resposta sobre qual comportamento esperado do produto,
da inflação, da taxa de juros e assim por diante, mais do que ter a ingenuidade
de que os agentes sejam capazes de fazer isso individualmente cada deles,
nós estamos adotando uma hipótese que expressa bem o comportamento médio,
o comportamento dos agentes enquanto entendidos como partes de mercados, certo?
Então, por enquanto,
não há novo paradigma para colocarmos no lugar das expectativas racionais.
Talvez daqui a alguns anos ou daqui a algumas décadas seja necessário que
a gente volte aqui no nosso curso e reveja essa parte final.
Enfim, e isso faz parte da evolução da corrente principal.
Bastante comum, e assim, se desenvolveu a corrente principal ao longo das décadas.
Então no momento presente nós temos uma perspectiva de lógica de
decisão que parte da suposição de expectativas racionais.
E a gente vai entender expectativa racional como sendo
comportamento relativamente simples, comportamento que os agentes
fazem o melhor que eles podem dado as restrições que eles têm.
Dado o conjunto de informações que eles têm a disposição na hora de tomar
essa decisão.
Ou seja, os agentes não desperdiçam informação disponível.
Agente que desperdiça informação disponível seria
considerado agente irracional e não seria explicado pelo
contexto da nossa teoria da corrente principal.
Porém, então, vista desse aspecto parece bastante factível, não é?
Porém, quando nós formulamos modelos formais, modelos matematizados,
considerando os aspectos estatísticos, estocásticos desse modelo,
a expectativa racional que
foi a revolução metodológica do início da década de 70,
ela se converte numa estrutura, numa estratégia de solução do
modelo bastante complexa que, de fato, nós expressamos as
expectativas dos agentes condicional ao funcionamento do modelo.
Então é como se os agentes fossem capazes de prever o comportamento da economia,
a parte da estrutura lógica que o modelo propõe para explicar a estrutura lógica da
macroeconomia si.
É por isso que normalmente vocês vão ver,
vão ler associado ao conceito de expectativa racional uma definição
muito simples que é a esperança condicional da variável.
Condicionada a que?
Ao conjunto de informações disponível.
Então nessa aproximação é conceito relativamente simples.
Não estamos, obviamente,
acreditando que cada dos agentes da economia seja
capaz de produzir esse resultado, mas tão simplesmente tomando
essa hipótese como uma boa representação do comportamento médio dos mercados.
E é exatamente por ser uma boa aproximação,
principalmente quando nós adicionamos a estrutura lógica da macroeconomia
elementos de rigidez que fazem com que os preços demorem pra se ajustar,
como a gente já discutiu no mercado de trabalho associado
a justa posição de contratos, por exemplo.
Nós temos aí, ainda que os agentes tenham expectativas racionais,
nós temos aí uma defasagem nesse processo de ajuste que vai nos ajudar
a entender as flutuações da macroeconomia.
Então, hoje, a gente pode sintetizar sem grandes
problemas que as expectativas
racionais nos levam a representar
agentes na macroeconomia, que, ao tomarem as suas decisões hoje,
levarão conta aquilo que eles esperam que aconteçam com a macoreconomia ou com o
segmento de mercado específico no qual eles estejam tomando a decisão no futuro.
Então, o futuro afeta o presente.
Aquilo que os agentes esperam para o futuro afeta o presente.
E ao afetar o presente, produzem resultados sobre as suas decisões,
e portanto, sobre a produção na economia, sobre o consumo, sobre o investimento,
sobre todos os elementos que vão integrar essa estrutura lógica.
E a partir desse momento, também é importante a gente discutir
outro tema muito relevante pra corrente principal,
que é no contexto que os agentes levam conta aquilo que se espera
que aconteça com a economia no futuro, esses agentes também incorporarão
nas suas decisões presentes resultados de possíveis ações de política
monetária ou fiscal que afetarão a economia num determinado caminho
no futuro e que serão antecipadas pras suas decisões presentes.
Então, nesse contexto, as ações de política monetária
e política fiscal que o governo fizer num determinado ponto e que produzirá
certo efeito na economia no futuro, são consideradas pelos agentes hoje,
portanto passam a já afetar a economia hoje.
Certo?
É exatamente neste contexto que normalmente
nós concluímos que quando governo faz uma política que é inconsistente
ao longo do tempo ou seja, quando ele age olhando só para o momento presente,
sem levar conta os resultados desta política no futuro, certo?
Ao agir de forma inconsistente ao longo do tempo,
que a gente chama de inconsistência intertemporal, isso vai produzir efeito,
ou seja, os agentes vão reconhecer essa inconsistência porque
eles reconhecem quais serão os efeitos dessa política hoje no futuro.
E vão trazer esses efeitos no futuro para suas decisões hoje, certo?
Então a inconsistência dinâmica, a inconsistência intertemporal afeta
a decisão dos agentes no contexto de expectativas racionais.
A partir desta perspectiva que toda discussão entre se
governo deveria agir por meio de regras ou se ele deveria agir discricionáriamente,
evoluiu ao longo da década de setenta e década de oitenta,
no sentido de indicar que as regras são preferíveis a discricionariedade.
Por quê?
Porque uma vez que o governo aja inconsistentemente,
vamos pensar que seria esperado uma política fiscal restritiva,
porém o governo opta por fazer hoje uma política monetária expansionista.
Os agentes antecipam o efeito desta política monetária no futuro e tomam
decisões diferentes no presente função dessa antecipação, certo?
De tal forma que essa antecipação Produz o efeito de anular aquele ganho que
a política discricionária propiciaria para determinado governo no momento presente.
Bom, então se você ou se o governo pretende
fazer com que esses ganhos sejam perenes, sejam subsequentes ao longo do tempo.
Ou seja que ele possa usufruir de uma política
discricionária de forma persistente ao longo do tempo.
Ele só vai conseguir fazer isso se ele surpreender os agentes todo o momento.
Ou seja, se ele causar uma surpresa, porque se ele seguir aquilo que é esperado
pela estrutura de funcionamento da macroeconomia,
os agentes anteciparão e esses efeitos serão minimizados, certo?
Então esse debate de inconsistência dinâmica e de regras versus
discricionariedade ele se tornou extremante importante a partir da
perspectiva da expectativa racional e ao longo do tempo foi levando tanto
a teoria macro, quanto a prática das políticas econômicas nos países
desenvolvidos e desenvolvimento para a adoção de regras,
de comportamentos pautados por regras do ponto de vista da
política monetária e da política fiscal e é de novo então, resgatando aqui,
que nós já discutimos anteriormente, é exatamente nesse contexto que os regimes
de meta de inflação vão se consolidando como as escolhas que revelam
os melhores resultados do ponto de vista da gestão da política monetária
no mundo e compromentimento com
a sustentabilidade do endividamento relação ao produto da economia ao
longo do tempo, também como uma maneira de evitar
que o governo tente usufruir efetivamente,
momento ou outro de uma política discricionária.
Então este "setting" de regras que não são rígidas,
mas que definem comportamento esperado e combinado com
a sociedade e mantido relação as ações de política monetária e fiscal,
eles produzem uma estabilidade termos de capacidade preditiva e de tomada
de decisão dos agentes que contribuem para diminuir a flutuação econômica.
É nesse sentido que nós observamos a teoria macroeconômica
e a prática na gestão da política monetária e fiscal do mundo
convergindo para a adoção de regras, certo?
E é neste contexto que nós estamos
aqui estruturando a nossa análise macroeconômica.
Então o nosso conjunto macroeconômico que é bastante complexo e que está sendo
simplificado diversos aspectos para que possa ser analisado conjunto ele tem esse,
ele traz consigo este resultado fundamental
dos desenvolvimentos nas últimas décadas de que a ação da
política econômica definida no contexto de
regras produz melhores resultados do que a ação discricionária.
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